Todo RH diz valorizar respeito, colaboração e propósito. Mas o que acontece quando esses valores são apenas slogans na parede? A resposta está em um fenômeno silencioso e devastador: a dissonância cultural, que tem sido associada ao burnout crônico em ambientes de alta pressão como hospitais.
Uma pesquisa com mais de 200 profissionais da saúde revelou que quanto maior a distância entre os valores declarados pela organização e a vivência real do dia a dia, maior o nível de exaustão emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. Em outras palavras: quanto mais incongruente a cultura, mais doente a equipe.
Mas nem tudo é causa direta:
Importante dizer: a cultura não explica tudo. Os próprios autores admitem que fatores estruturais, como sobrecarga, liderança falha e contexto institucional têm peso considerável. A cultura organiza, mas não compensa uma gestão ineficiente.
O que isso muda para você, líder?
Antes de comunicar um valor, valide se ele realmente acontece na prática. Faça três perguntas incômodas:
- O que está escrito nos nossos valores se confirma nas conversas de corredor?
- As decisões mais difíceis que tomamos na empresa reforçam ou contradizem nossos princípios?
- Se eu perguntar a qualquer colaborador “qual é o valor mais vivido aqui?”, as respostas seriam coerentes?
Cultura organizacional não começa no PPT de onboarding. Começa onde os valores são postos à prova nos conflitos, nas decisões difíceis, na gestão do erro. O que você faz quando ninguém está olhando, isso sim molda a cultura.
Marcela Zaidem – Cultura na prática